23/04/2014

Pai

A Páscoa foi um tempo complicado, como complicadas são todas as festas, todas as celebrações, todos os dias, sem ele. De tantos anos a sofrer com a ausência do meu pai, as celebrações perdem importância, os sorrisos são mais fechados, há silêncios maiores. Sinto-o sempre, como sempre o senti, colado a mim, quase já uma parte de mim, que já nem sei onde acabo eu e começa ele. A cada dia que passa somos mais parecidos, quer fisicamente, quer na maneira de ser. Iguais. E é nessa semelhança que sossego, é nessas parecenças que sou mais feliz, porque as reconheço, sei-as de cor. É a forma como olhamos, a forma como falamos, são as expressões, é o fascínio pela confusão, pelo caos. É a nossa forma de ser, de olhar a minha mãe com a ternura de reconhecer um anjo, de ignorar as palavras menos boas que podemos ouvir, sonhar, sonhar sempre. Muito.

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