20/10/2014

Nazaré



Se eu tiver que escolher uma praia, neste país, que tenha bastante significado para mim, será a Nazaré. Não que goste dela para passar férias, nem para apanhar sol, nem para fazer praia, digamos que é a minha praia preferida por valores sentimentais. Lembro-me de ter 5 ou 6 anos e andar aos S nos passeios, para andar sempre na linha escura do pavimento, lembro-me de ver os meus pais abraçados, a caminhar à minha frente, como dois adolescentes e da sensação de felicidade e conforto que isso me transmitia, lembro-me dos bailes de carnaval, lembro-me dos passeios intermináveis, a apanhar frio e maresia, lembro-me das ondas enormes a passar por cima do carro, do peixe seco que me dá vómitos, das sete saias das peixeiras antigas. Lembro-me das tardes que se prolongavam pela noite, dos amigos e das navalheiras, do marisco fresco que o meu pai adorava, das santolas e percebes acabados de pescar. Dos beijos enamorados, roubados no farol, da emoção de ver a praia desde o Sítio, das tardes em que peguei no carro e fui ver aquele mar, que me limpa e clarifica a alma. Lembro-me de ter lá ido uma vez, a primeira após ter estado doente e o agradecimento e a emoção que senti. Nessa tarde, o meu gajo tirou esta foto, que é tão linda. Porque afinal, na Nazaré vivi dos melhores momentos da vida. E mesmo sem dar por isso, as coisas tornam-se nossas, por isso, posso dizer que a Nazaré é uma das praias da minha vida.

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